Antioxidantes / Antiozonantes
SOBRE OS ANTIOXIDANTES / ANTIOZONANTES
Os elastómeros vulcanizados, tal como a maioria dos materiais poliméricos, apresentam em serviço, um envelhecimento que se traduz por deterioração das características gerais e por alteração do aspecto dos produtos. A perda nas propriedades físicas associada aos processos de envelhecimento, é normalmente causada pela cisão da cadeia, reticulada, ou por alteração química das cadeias do polímero. Consequentemente, as matérias-primas anti-envelhecimento usadas, antioxidantes e antiozonantes, devem ser capazes de reagir com os agentes causadores do envelhecimento (ozono, oxigénio, calor, luz, tempo e radiação), para prevenir ou diminuir a falha do polímero, melhorar as qualidades do envelhecimento e aumentar o tempo de vida, em serviço, do produto envolvido [1].
O envelhecimento, nas condições naturais de exposição é um fenómeno complexo provocado por factores como o oxigénio, o ozono, a luz e a temperatura. O oxigénio é a causa principal do envelhecimento e o que produz maiores alterações nos produtos. A acção do oxigénio é tanto mais acentuada quanto maior for o tempo de exposição e quanto mais elevada for a temperatura. Para retardar ou evitar este fenómeno utilizam-se antioxidantes [1] [2] [3]. Para evitar a acção do ozono, que é muito mais rápida do que a do oxigénio e é, essencialmente, um fenómeno superficial sendo bem visível o resultado, aparecimento de fissuras perpendiculares à direcção das tensões, utilizam-se antiozonantes [1] [2] [3]. O ozono é destrutivo para as borrachas sob tensão, tendo um efeito reduzido em borrachas saturadas, como o EPDM. A escolha de um antioxidante, antiozonante ou qualquer outro antidegradante é determinada pelo meio ambiente de serviço. Sempre que possível deve utilizar-se antioxidantes de peso molecular elevado para reduzir a volatilização ou a migração para a superfície, às temperaturas utilizadas na moldação, particularmente no caso de produtos com paredes finas. Os negros de carbono também promovem alguma resistência à degradação mas, como são utilizados com outra finalidade, são classificados diferentemente (cargas reforçantes). O resultado do ataque oxidativo depende do tipo de polímero/elastómero: a borracha natural torna-se mole e pegajosa, enquanto a borracha de estireno butadieno (SBR) se torna dura.
MECANISMO DA OXIDAÇÃO DOS ELASTÓMEROS
Crê-se que a oxidação dos elastómeros segue um mecanismo radicalar comum, igual ao da foto-oxidação dos polímeros, representado da seguinte forma:
Iniciação
RH R* + H*
Propagação
R* + O2 ROO*
ROO* + R - H ROOH + R*
ROOH RO* + HO
2ROOH RO*+ ROO* + H2O
Terminação
R* + ROO* ROOR
2R* R-R
No caso concreto da borracha natural os factores mais importantes associados ao envelhecimento estão indicados na tabela I [4].
Tabela I - Factores envolvidos no envelhecimento de NR [4]
FACTOR ACTIVO |
EFEITO |
AGENTE DE PROTECÇÃO |
1 - Envelhecimento anaeróbico |
Reversão |
Sistema de vulcanização resistente ao calor |
2 - Oxigénio + Calor |
Oxidação |
Antioxidante |
3 - Oxigénio + Metais pesados |
Oxidação catalisada pelo metal |
Desactivador do metal |
4 - Oxigénio + Flexão |
Fendas de flexão |
Agente anti-flexão, antiozonante químico ou cera |
5 - Ozono + Tensão |
Fendas provocadas pelo ozono |
Antioxidante e absorvedor de U.V. |
6 - Luz ou ultra violeta |
Fendas, foto-oxidação |
|
Os factores 1 a 3 afectam geralmente as propriedades físicas e a superfície, enquanto que os factores 4 a 6 afectam normalmente só a superfície.
O envelhecimento anaeróbico traduz-se num decréscimo da rigidez, resiliência e resistência à tracção, ao rasgamento e à fadiga. O envelhecimento oxidativo causa, geralmente, um decréscimo da resistência à tracção, rasgamento e fadiga. O efeito na rigidez depende da formulação e da temperatura de envelhecimento: temperaturas mais baixas favorecem um aumento de rigidez, particularmente nas etapas iniciais. A temperaturas elevadas, o envelhecimento oxidativo afecta só a superfície, dado que, essencialmente, todo o oxigénio é consumido por reacção com a borracha, antes de se poder difundir na estrutura [4].
É frequente a utilização simultânea de dois, ou mais, antioxidantes já que muitas aplicações requerem protecção contra mais do que uma das acções referidas anteriormente, e só com misturas de antioxidantes se consegue tal efeito, devendo ser considerada a admissibilidade ou não do manchamento das peças produzidas e o perigo da perda por volatilização ou por extracção com água, óleos e solventes.
ANTIOXIDANTES QUÍMICOS E FÍSICOS
Os antioxidantes podem dividir-se em químicos e físicos. No primeiro grupo temos genericamente três tipos de compostos usados: aminas secundárias, fenólicos e fosfitos [1] ou aminas, fenóis e tioesteres [2]. Em geral as aminas tendem a alterar a cor (são “staining”) e por isso os antioxidantes à base delas são praticamente só usados em borrachas pretas, existindo quatro classes de aminas largamente usadas: as naftilaminas, as difenilaminas, as parafenileno-diaminas e as di-hidroquinolinas. Os antioxidantes fenólicos que são “non staining” são mais utilizados em produtos manufacturados de cor clara, podendo agrupar os mais usados em dois grupos, derivados de monofenol e derivados de bisfenol. Por último os antioxidantes à base de fosfitos têm a sua maior aplicação como estabilizadores na polimerização do SBR [1]. Quanto ao segundo grande grupo, antioxidantes físicos, eles são usados em produtos manufacturados que, em serviço, sofrem pequenos ou nenhum movimento. São ceras que migram (“bloom”) para a superfície, formam uma camada protectora, evitando assim que a superfície seja afectada pelo oxigénio, ozono, etc... [1].
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ABREVIATURA
Apresentamos, agora, duas tabelas: uma com as abreviaturas dos antioxidantes classificados de acordo com a composição química, tabela II [3] e outra com o desempenho comparativo de vários antioxidantes, tabela III [3] [5].
Tabela II - Composição química e abreviaturas de antioxidantes [3]
COMPOSIÇÃO QUÍMICA |
ABREVIATURA |
Derivados de p-fenil e fenileno-diaminas (fortemente manchantes) |
IPPD, 6PPD, 77PD, DOPD, DPPD, DNPP |
Derivados de di-hidroquinolina (mediamente manchantes) |
ETMQ, TMQ |
Derivados de naftilamina (fortemente manchantes) |
PAN, PBN |
Derivados de difenilamina (mediamente manchantes) |
ODPA |
Derivados de benzimidazóis (não manchantes) |
MBI, ZMBI, MMBI, ZMMBI |
Derivados de bisfenol (não manchantes) |
BPH, CPH |
Derivados de monofenol (não manchante) |
BHT |
DESEMPENHO COMPARATIVO
Tabela III - Desempenho comparativo de vários antioxidantes [3] [5]
ABREV. |
I AUTO-OXIDAÇÃO |
II CALOR |
III FLEXÃO |
IV OZONO (ESTÁTICO) |
V ENVENEN. POR METAL |
VI FORMAÇÃO “PELE DE ELEFANTE” |
VII CICLIZAÇÃO |
VIII MANCHANTE |
IX MANCHANTE POR CONTACTO |
IPPD | 2 | 2-3 | 1 | 1-2 | 2 | 6 | - | 5-6 | 5 |
6PPD | 3-4 | 2-3 | 1-2 | 26) | 2 | 6 | - | 5-6 | 5 |
77PD | 2 | 3-3 | 2 | 1 | - | 6 | - | 5 | 5 |
DTPD | 2-3 | 2-3 | 2 | 36) | 2 | 6 | - | 5 | 4 |
ODPA | 2 | 24) | 4 | 6 | 3 | 6 | - | 2-3 | 1-2 |
TMQ | 2 | 1-23) | 4-5 | 6 | 3-4 | 6 | - | 3 | 2 |
SPH | 4 | 4 | 4 | 6 | - | 2 | 1-2 | 0 | 0 |
BPH | 2-3 | 3 | 6 | 6 | 33) | 3 | - | 1 | 0 |
BHT | 3-4 | 4-5 | 6 | 6 | 4-5 | 1 | 2-3 | 0 | 0 |
MBI | 42) | 35) | 6 | 6 | 68) | 6 | 6 | 09) | 0 |
MMBI | 42) | 35) | 6 | 6 | 68) | 6 | 6 | 09) | 0 |
ZMMBI | 42) | 35) | 6 | 6 | 68) | 6 | - | 09) | 0 |
Notas à tabela III:
Colunas I a VII: 1 (melhor), 6 (pior)
Colunas VIII e IX: 0 = não manchante; 6 = muito manchante.
1) NR e IR;
2) Em compostos acelerados com ditiocarbamatos
3) Em conjunto com MBI ou MMBI: “1”
4) Em CR: “1”
5) Em conjunto com 6PPD,TMQ:“1”
6) Em CR: “1”
7) Em conjunto com MBI ou MMBI:“2”
8) Em conjunto com BPH: “1”
9) Tem um efeito abrilhantador
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] - MORTON, M. - Rubber Technology, 2nd Edition, Van Nostrand Reinhold, New York, 1989. |
LINKS ÚTEIS
» Rhein Chemie Group (Antilux) |
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